domingo, 15 de maio de 2016

Brasil rumo ao obscuro.

Acordei como de costume antes das cinco da manhã, liguei a TV para ver que, exatamente às 05:45 da manhã os nosso senadores estavam finalizando uma noite de discursos e iniciariam logo após as considerações finais do advogado geral da União a votação que determinaria o fim de uma era, a Era da democracia. Dizem que o pior inimigo é o seu ex-amigo, no caso da presidenta Dilma era seu aliado. Hoje parte da sociedade brasileira está em luto, não porque morreu uma pessoa ilustre, mas por conta da morte da D.E.M.O.C.R.A.C.I.A. Fiquei pensando o que seria ideal para ilustrar este momento, lembrei-me de algumas poesias, mas como não apenas de poesia vive a alma humama, trouxe a prosa também. Vamos começar com o grande Augusto do Anjos. Em “versos íntimos” está a realidade de Dilma:
Versos íntimos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Em seguida, Carlos Drummond de Andrade.
JOSÉ
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
[...]
Os brasileiros deveriam ser como I-Juca Pirama.
I-Juca-Pirama
IV
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
Já vi cruas brigas,
De tribos imigas,
E as duras fadigas
Da guerra provei;
Nas ondas mendaces
Senti pelas faces
Os silvos fugaces
Dos ventos que amei.
Andei longes terras
Lidei cruas guerras,
Vaguei pelas serras
Dos vis Aimoréis;
Vi lutas de bravos,
Vi fortes – escravos!
De estranhos ignavos
Calcados aos pés.
E os campos talados,
E os arcos quebrados,
E os piagas coitados
Já sem maracás;
E os meigos cantores,
Servindo a senhores,
Que vinham traidores,
Com mostras de paz.
[...]
Mas como nem tudo é poesia, vamos passear pela prosa, Millor Fernandes.
O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala.
Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta. "Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!". O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal.
[...]
E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cu!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios. E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e autodefesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!".
Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se!!!
Tenho certeza que muitos vão censurar o fato de um professor de Língua Portugues fazer uso de tais argumentos para manifestar sua insatisfação, mas garanto que antes de ser professor sou um cidadão normal, cidadão que paga suas contas, que paga impostos e é lesado todos os dias. Não quero agradar, gosto de incomodar, gosto de ter um discurso próprio e não aquele fabricado pela mídia. Millô Fernandes foi bem oportuno e feliz ao escrever tais palavras, então...FODA-SE!!!!!

sábado, 23 de abril de 2016

(I)Moralidade na política brasileira



Infelizmente , tem dias que acordo e sinto vergonha de ser brasileiro. Quantas pessoas já não pronunciaram tal pensamento? Tantos e tanto, mas eu prefiro outro. Não posso sentir vergonha por algo que não fiz, não posso sentir vergonha por aquilo que o outro fez, essa máscara não me cabe. Cada ser humano tem a capacidade de sentir e agir e isso não depende de ninguém. 
Atualmente, o Brasil está imerso em uma triste e profunda crise política e por conta disso muitos se aproveitam para atacar o governo enquanto tantos outros defendem. Cortinas de fumaça são lançadas para esconder a podridão, a lama na qual colocaram o nosso país. Opiniões são forjadas a partir de mentira contada e/ou verdades manipuladas. Não acredito que caiba a vergonha, mas talvez a indignação por atos tão covardes e vis contra o direito do cidadão de ter sua opinião e ideologia respeitados. 
É fato, ninguém é inocente totalmente ou culpado do mesmo modo e no mesmo grau. Contudo, ser suspeito parece ter uma conotação diferente em nossa sociedade, ser suspeito é ser culpado, antes mesmo de um julgamento justo e imparcial. Imparcial? Será mesmo que existe algo assim? A opinião pública é editada e manipulada de forma ideológica e descarada. Ops!!!, usei um palavrão. Não sou o único a usar tão necessário recurso disponível em nosso acervo linguístico. Sendo assim, não se faz necessário um pedido de desculpa, é um desabafo. Sutil.....
Políticos e Magistrados se sentem ofendidos por conta de um áudio, ora ora ora, são tão falsos os moralismos destas pessoas que prefiro em minha carteira uma cédula de 200 reias. Moralidade e falso moralismo andam juntos, são faces de uma mesma moeda, infelizmente. O ofendido hoje, com certeza já ofendeu ontem ou ofenderá amanhã. Não existe mocinho ou vilão, são pessoas que em determinado momento assumem posturas distintas. 

É inegável que culpados precisam ser punidos, pelos menos deveriam, mas da identificação à punição são outros quinhentos, e que quinhentos. Dizem que a justiça é cega, talvez em outos lugar, outro país. Aqui no Brasil a justiça tem visão se raio X, o problema é que este raio funciona quando é conveniente. São vários pesos várias medidas. Ah, a honestidade. 

sábado, 5 de abril de 2014

"O professor disserta sobre ponto difícil do programa.
Um aluno dorme, 
Cansado das canseiras desta vida.
O professor vai sacudí-lo?
Vai repreendê-lo?
Não.
O rofessor baixa a voz,
Com medo de acordá-lo."

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Avenida Brasil




Finalmente, com dias de atraso consegui assistir a novela que parou o Brasil e virou assunto de comentário em boa parte do mundo nas redes sociais. Eu até o presente momento não consigo perceber o motivo, razão, ou seja, o que for que faz com pessoas se identifiquem e acabem perdendo um tempo tão escaco e precioso assistindo uma novela. É claro, que estou incluído nesse mundo de sem noção.  Mas vamos os que, de fato, nos interessa. Como afirmei acima acabei de assistir o “Gran finale” da novela “AVENIDA BRASIL”. Não poderia ter sido menos patético, principalmente por conta dos destinos das personagens. Carminha, a redimida: depois de passar meses (para nós, é claro) aprontado todas, fazendo mil e uma armações passou três anos na cadeia e teve o lixão como destino. Aliás, para alguns o preço do pecado é morte, como rolou para o Max, para outros, no caso da Carminha _ o lixão. O Leleco depois de provar as deliciosas curvas da Tessália resolveu voltar a curtir o terreno ondulado da Muricy, aliás, outra toupeira que trocou o Adalto pelo ex. Falando em Adalto o cara é patético, imaginem chupar chupeta até os 30 anos. O cara perdera um pênalti porque alguém o chamara de “chupetinha”, fala sério. Mas nem tudo estava perdido para que o “Divino Futebol Clube” pudesse, finaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaalmente voltar à divisão de elite, a primeira. Acreditem, acreditem qualquer coincidência com a realidade é verossimilhança, acho que é ao contrário, mas “deixa queto” a licença poética me permite fazer essa troca.   O intrigante é que o cara não jogava há mais de 15 anos e a decisão do campeonato seria no outro dia. A pergunta é: como a confederação brasileira de futebol permitiu que um jogador aposentado e não registrado pudesse participar da final do campeonato, não como técnico, mas como jogador? Foi nesse momento que entra Olenka, a fura olho, a pedófila, a psicóloga e acaba com o trauma do rapaz ajudando-o a queimar sua “pepeta”. Se eu soubesse chorar teria alagado a minha sala naquele momento, ECA.
O Cadinho, o herói dos homens do Brasil conseguiu, mesmo na mais completa e absoluta miséria, PINDAIBA, DERROCADA... ter suas mulheres de volta e com direito a casamento. Sempre ouvi comentários de que a parte do corpo do homem que a mulher mais gosta é o bumbum, não por sua forma arredondada, mas por sem o local mais próximo da carteira. Avenida Brasil veio derrubar esse mito.
O momento mais marcante entre tantos que nem sei contar(acho que é pelo fato da minha área ser letras) foi quando Nina e o bocó do Jorginho chegaram ao lixão com o filhinho para visitar Carminha, nossa!!!!! Mil vezes noooooooooooooooosa, quase chorei outra vez. Acho que preciso para de usar a palavra quase, é insuportavelmente indefinida.
Finalmente não entendi o motivo de o Brasil ter parado por uma coisa tão sem graça, se gosto, insossa. ÊITA novela chata. Só Esporte Clube Vitória GANHOU COM O MARKETING, sim, ganhou mesmo. Toda vez que o lixão aparecia os torcedores do Vitória viam a estádio do time e o que é melhor, em horário nobre sem gastar um centavo.  Cansei, estou sem argumentos, igualzinho ao autor dessa novela. Na falta de algo produtivo, de uma coisa boa para se discutir, como a questão da sustentabilidade, que poderia ter sido explorada a partir do lixão, falou de uma vida cotidiana e sem graça de uns personagens chatos e igualmente sem graça. Um dia eu tomo vergonha na cara e deixo de assistir porcaria. 

quinta-feira, 29 de março de 2012

Novelas Fina estampa

Passei quase um ano de minha vida tão corrida dedicado a assistir uma novela, seguir a vida das personagens como se fossem membros de minha família. E pra que tudo isso?Para descobrir algumas coisa, mas o principal, quem era o amante de crô. Fiquei putamente indignado com a falta de respeito do autor desta novela para com seu público. O cara, aliás, o ancião foi ao Fantástico e disse que todos saberiam quem era o amante no último capítulo. O cara cagou, isso mesmo - C.A.G.O.U a novela. Simplismente foi um dos piores finais que já tive o (des)prazer de assistir. Fiquei tão chateado que estou com trauma... não quero seguir nenhuma novela tão cedo, imagine a versão parte II de fina estampa. Ufa. Agnaldo Silva que me desculpe, mas até eu sei cagar com mais criatividade. Penso que ele estava con diareia e por isso não soube controlar a bosta que saiu no ato da inspiração e que ato. Pronto, falei.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Os dez mandamentos do baiano

NÃO SE ESTRESSE...

1 - Viva para descansar.

2 - Ame a sua cama, ela é o seu templo.

3 - Se ver alguém descansando, ajude-o.

4 - Descanse de dia para poder dormir à noite.

5 - O trabalho é sagrado, não toque nele.

6 - Nunca faça amanhã, o que você pode fazer
depois de amanhã.

7 - Trabalhe o menos possível; o que tiver para
ser feito, deixe que outra pessoa faça.

8 - Calma, nunca ninguém morreu por descansar,
mas você pode se machucar trabalhando...

9 - Quando sentir desejo de trabalhar, sente-se e
espere que ele passe.

10 - Não se esqueça, trabalho é saúde. Deixe o
seu para os doentes.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

"Instantes"


Se eu pudesse viver novamente a minha vida,

na próxima trataria de cometer mais erros.

Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.

Seria mais tolo ainda do que tenho sido,

na verdade bem poucas coisas levaria a serio.

Seria menos higiênico.

Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.

Iria a mais lugares onde nunca fui,

tomaria mais sorvete e menos lentilha,

teria mais problemas reais e menos imaginários.

Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da sua vida.

Claro que tive momentos de alegria.

Mas, se pudesse voltar a viver trataria de ter só bons momentos.

Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não percas o agora.

Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda chuva e um pára-quedas.

Se voltasse a viver viajaria mais leve.

Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim de outono.

Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres, brincaria mais com as crianças, se eu tivesse outra vez uma vida pela frente.

Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo.


Jorge Luiz Borges


Quem falou que a poesia não pode expressar o que a alma quer dizer...

Que maravilhoso poema.